

A artista Mônica Ventura (São Paulo, 1985) foi selecionada junto com Gê Viana, Laryssa Machada, Rose Afefé, Uyra e Yhuri Cruz, na oitava edição do Prêmio FOCO ArtRio. Bacharel em Desenho Industrial pela Fundação Armando Álvares Penteado (FAAP), atualmente pesquisa filosofias e processos construtivos de arquitetura e artesanato pré-coloniais, cosmologia e cosmogonia do continente africano e povos ameríndios, elaborando práticas artísticas a partir de experiências pessoais.
“Minha pesquisa artística e prática vai falar de uma busca de conhecimento por processos construtivos vernaculares, que são práticas que vão olhar para a construção a partir de elementos naturais, fibras naturais, terra. E eu também vou olhar para formas de africanidades dentro dessas construções: arquitetura africana, dispositivos feitos para cultos e celebrações culturais e espirituais. Eu olho bastante para a cultura do Benin, que é sudoeste africano, é a cultura Iorubá. E aí eu trago isso numa relação escultórica, em escalas grandes”, explica a artista.
No estande do Prêmio FOCO da ArtRio 2023, localizado no Pavilhão TERRA, Mônica Ventura apresentou três trabalhos da série “Estudo para formas e gestos” (2023), feitos em latão, lâmina de madeira, algodão e materiais diversos. “Eu penso na forma, no revestimento e, quase como uma brincadeira, os adereços deles. Eu trago contas, sementes, chapéus, que seriam trazendo uma ideia de individualidade. Então, é uma espécie de antropomorfizar, criando a relação de cabeça, do corpo, cabeça e base”.
A artista acredita ser esta uma prática que irá desenvolver na residência artística São João, para onde foi selecionada pelo Prêmio FOCO. “Essas obras são quase um encontro do que eu vou fazer na residência. Aqui estou trabalhando com jatobá, que é uma madeira que eu gosto muito. As fibras naturais fazem esse tipo de revestimento. Lá é um ambiente de fazenda, natureza, então quero usar cascas de árvore, fibras de madeira”.
Um dos fios condutores do trabalho da artista é uma busca por suas origens. “Eu sou brasileira, uma mulher negra. E passo por várias intersecções e confluências de culturas como a africana, a indígena e a europeia também. Mas a africanidade, que é a parte que mais fica evidente no meu corpo. É o que me chama atenção e curiosidade. Então, eu olho como estudo, mas também como resgate individual”.
Para Mônica Ventura é muito importante estar expondo na ArtRio e afetar o público, de certa forma, a partir de sua pesquisa. “A arte é um ambiente de disputa: de narrativa, de espaço. É a disputa do corpo que vai estar presente. Então, eu gosto de trazer essas obras que vão gerar reflexões dentro desse campo”, finaliza.
Sobre a artista
Mônica Ventura nasceu e trabalha em São Paulo. Entre as principais exposições nacionais e internacionais das quais participou estão a individual “A noite suspensa ou que posso aprender com o silêncio”, em Inhotim, Minas Gerais“; O Sorriso de Acotirene”, no Centro Cultural São Paulo (2018), e as coletivas “Estratégias do Feminino” no Farol Santander (Porto Alegre, 2019), “Histórias Feministas” no Masp (São Paulo, 2019) e “Repartimiento – Luto Tropical” na Galeria Pasto (Buenos Aires, 2019)
Em 2018 foi residente na Ocupação Coletivo Namíbìa, no Espaço VOID em São Paulo e em 2016 na Residência Artística Jardim Suspenso no Rio de Janeiro.
Para conhecer mais seu trabalho, acesse: www.monicaventura.art.