Galeria Lume | Pra não dizer que não falei das flores, de Marcos Roberto
As obras de Marcos Roberto emergem desse chão, forjado em metal, marcado por cercas e cinzas. O artista, ex-metalúrgico, recolhe restos da indústria e do conflito agrário para fazê-los brotar. Portões arrancados, facões gastos, fios que guardam o eco das mãos. “O que se rompe aqui não é o trabalho, é o ciclo da violência. A planta incorpora o aço, ressignifica o gesto, pede uma nova relação entre força e cuidado.” diz Marcos.
Seu trabalho expõe a persistência da herança colonial: o cativeiro transfigurado em servidão moderna, a terra transformada em negócio, o corpo em instrumento. A abolição não dissolveu a submissão, apenas a redistribuiu sob novas formas — monoculturas, expulsões, desigualdades que mantêm o Brasil arcaico dentro do Brasil moderno. “Sem Terra/Contra-ataque” é uma insurgência contra a modernização sem ruptura, contra o progresso que isola a terra e cala o semear. Aqui o ferro que sangra também germina, a planta irrompe do aço e encarna a teimosia da vida, o facão se quebra em raízes e folhas.
Pra não dizer que não falei das flores, de Marcos Roberto
Galeria Lume | R. Gumercindo Saraiva 54, Jd Europa – São Paulo
Abertura: 23 de outubro, das 18h às 21h
De 15 de março a 26 de abril de 2025.
Segunda a sexta, das 10h às 19h. Sábado, das 11h às 15h.
Entrada gratuita.